Prevenir é melhor que remediar: a importância da vacinação em adultos

Seja por falta de informação, senso comum ou negligência, o fato é que grande parte da população deixa de tomar vacinas quando a infância fica para trás. Segundo levantamento do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), que investigam a frequência e aderência dos adultos em relação às vacinas, entre 1994 e 2018, a da febre amarela foi a única que ultrapassou o índice de 50%, chegando a 78,8%. Mas além dessa, outras três são recomendadas para a população entre 20 e 59 anos e apresentam adesão preocupante: dupla (dT e dTpa), hepatite B e tríplice viral. A última, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, foi aplicada em apenas 4,7% dos adultos no mesmo período.

Para o infectologista pediátrico da Paraná Clínicas, Dr. Alexandre Arias, muitos fatores contribuem para a queda da cobertura vacinal. “Um exemplo disso é a falsa sensação de segurança de que as doenças foram erradicadas no Brasil. Inclusive, há falsas informações sobre a efetividade das vacinas e dos efeitos colaterais causados, o que gera uma preocupação desnecessária e errônea por parte da população”, explica.

Outro ponto que impacta a adesão dos adultos é a falta de campanhas amplas de incentivo e de políticas públicas que informem sobre a importância da vacinação. Em 2016, a meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) era imunizar 95% da população geral, mas o índice chegou a apenas 84%. No mesmo ano, quase 75% dos idosos tomaram a vacina contra gripe, que foi amplamente divulgada pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Sem campanha de intensificação específica, o número para hepatite B, por exemplo, foi significativamente menor, já que os dados apontam uma adesão de apenas 20% naquele ano.

Vacinação adulta

É de extrema importância que a carteirinha de vacinação do adulto também esteja atualizada. A SBIm disponibiliza o calendário de vacinas em seu site (https://familia.sbim.org.br/), mas o médico e as equipes de imunizações das unidades básicas de saúde podem indicar doses complementares e orientar a melhor forma de atualização das aplicações. Por meio do Programa Nacional de Imunização (PNI), o SUS oferece 45 tipos de vacinas gratuitamente.

Os adultos podem receber as doses pneumocócicas (pneumonias, meningites, otites e sinusites), meningocócicas (meningites), de HPV (câncer de colo de útero), herpes zoster, dengue e coqueluche. A indicação depende da idade e do ciclo de vida do paciente. A recomendação do órgão é que adultos entre 20 e 59 anos tomem quatro tipos: Hepatite B (três doses), Febre Amarela (uma dose), Tríplice Viral (três doses) e Dupla Adulto (a cada dez anos, ininterruptamente).

Para os adultos que compõem os grupos de risco – como os idosos, asmáticos, imunodeprimidos, diabéticos e portadores de outras doenças crônicas – a vacinação é ainda mais importante, pois esses pacientes apresentam mais chances de contrair doenças. Os mais saudáveis, por sua vez, também usufruem dos benefícios das vacinas, além de evitarem transmissão de doenças para as crianças e para os grupos de risco.