Três startups curitibanas de saúde 4.0 ganham apoio do Banco Mundial

Inovar no setor de saúde é um dos grandes desafios no Brasil e em outros países. Mas três startups de Curitiba acabam de entrar no seleto grupo das empresas referência em tecnologia para o segmento no mundo.

As curitibanas Hi TechnologiesNagis Health eLaura Networks foram selecionadas para integrar o TechEmerge Health, programa do International Finance Corporation (IFC), do Banco Mundial, que estimula a internacionalização de empreendedores que investem em projetos de inovação para a saúde.

Curitiba foi a segunda cidade brasileira com mais startups selecionadas para o TechEmerge Health, atrás apenas de São Paulo, com cinco. Este ano, 42 startups foram escolhidas para participar do programa, entre 295 empresas avaliadas de 34 países.

O TechEmerge começou na Índia, país que tem um mercado consumidor muito grande e forte potencial de tecnologia e está no segundo ano no Brasil.

O programa do Banco Mundial tem a missão de conectar grandes empresas do mercado de saúde a tecnologias inovadoras, como as oferecidas pelas três startups da capital paranaense.

As corporações interessadas em novas tecnologias contam com o filtro do programa internacional, pois o IFC só indica startups que já provaram sua validade e buscam agora ganhar escala. Além disso, o IFC conta com um fundo US$ 1 milhão para subsidiar projetos de parcerias.

Em uma primeira etapa de conexão com grandes corporações de saúde e governos, as três startups de Curitiba se apresentaram no encontro internacional TechEmerge Health Innovation Summit, nos dias 28 e 29 de junho, em São Paulo.

Grandes redes nacionais privadas de saúde, como os hospitais Israelita Albert Einstein e Sírio-Libanês, o Grupo Fleury e a Rede D’Or, além de representantes do Japão, Israel, Austrália e Finlândia, conheceram as inovações oferecidas.

Parcerias
O evento do TechEmerge no Brasil já abriu, inclusive, as portas de instituições e governos para as três startups curitibanas. “Estamos fechando parceiras e devemos requerer recursos do IFC”, revela Wagner Marques, CEO da Nagis Health, empresa da capital criada em 2011.

A companhia oferece softwares de gerenciamento de saúde, que permitem  inclusive identificar ou alertar para o agravamento de doenças como diabetes, hipertenção, sindrome metabólica, depressão, entre outros. A Nagis também oferece Unidades de Exames Rápidos (U.E.R) para hospitais, postos de saúde, farmácias e outros centros de saúde.

Há dez anos no mercado, a Hi Technologies conquistou seu lugar no programa do Banco Mundial graças a sua última inovação:  o Hilab, um laboratório “de bolso” que faz exames remotos por meio de um dispositivo eletrônico e com apenas algumas gotas de sangue.

O equipamento da empresa curitibana já está em duas redes de farmácias da capital e permite realizar exames de gravidez (Beta HCG), perfil lipídico, dengue, glicose, vitamina D, HIV, sífilis, entre outros. Após a coleta, o sangue é colocado em contato com os reagentes, dentro do Hilab onde a amostra é “digitalizada” e transmitida via internet para análise pela equipe da Hi Technologies. Em poucos minutos, é liberado o laudo validado, também via internet.

“Com a entrada do Hilab nas farmácias, em 21 estados do país, sentimos que é hora de ir para um grande hospital e termos parcerias com grandes players. Por isso, participar do TechEmerge é muito importante”, observa Marcus Figueiredo, CEO da Hi Technologies. Segundo ele, o programa é uma chancela para fechar parcerias com grupos de saúde, que costumam ser rígidos na hora de incorporar uma inovação.

Além da Hi Technologies e da Nagis Health, a Laura Networks também foi incluída no programa do Banco Mundial. Fundada por Jacson Fressatto, a startup criou o Robô Laura, que  identifica sinais precoces da sepse (infecção generalizada), ao analisar exames e dados vitais dos pacientes.

A tecnologia já é usada nos hospitais Nossa Senhora das Graças, Erasto Gaertner, Pequeno Príncipe e Cruz Vermelha. No ano passado, o Robô Laura foi apresentado ao prefeito Rafael Greca, que reforçou o apoio da Prefeitura às empresas que investem em tecnologia para a saúde.

Vale do Pinhão
Para estimular que mais empreendedores invistam em inovações na área de Saúde, o Vale do Pinhão – movimento da Prefeitura e do ecossistema de inovação para transformar Curitiba a cidade mais inteligente do país – vem promovendo, desde o ano passado, conexões do segmento.

Palestras e workshops gratuitos sobre Saúde 4.0 reúnem especialistas, universidades, profissionais de saúde e empreendedores que estão buscando novos conhecimentos para criar inovações que garantam à população um atendimento médico mais humano e de melhor qualidade.

“Com os eventos sobre Saúde 4.0 buscamos mostrar quais são os desafios para criar no Brasil produtos e serviços inovadores capazes de promover o alívio da dor, diagnósticos ainda mais precisos e a melhoria do atendimento nos postos de saúde”, explica Cris Alessi, presidente da Agência Curitiba, órgão ligado à Prefeitura e responsável pelo fomento do Vale do Pinhão.

Dentro do conceito do Vale do Pinhão, a Prefeitura também está inovando na área de saúde pública. Além de já ser referência nacional com o Sistema de Informação da Secretaria Municipal de Saúde (E-saúde), que permitiu a implantação do prontuário eletrônico,  o município lançou, no ano passado, o aplicativo Saúde Já, que garante o agendamento do primeiro atendimento nas unidades de saúde da capital, de uma forma simples e rápida, sem a necessidade de madrugar na fila.

Segundo Beatriz Battistella Nadas, superintendente executiva da Secretaria Municipal da Saúde, o uso da tecnologia está permitindo a sistematização e a socialização da informação, contribuindo para a melhoria da qualidade da gestão em saúde dos curitibanos.